Por redação do Jornal Enfoque (RJ)
Foto: blog racismo ambiental |
Os pescadores Alexandre Anderson, sua
esposa Dayse Menezes, e Maycon Alexandre Rodrigues, todos pertencentes
ao Grupo Homens do Mar, estão impossibilitados de vir para a cidade onde
foram criados e iniciaram a luta contra a degradação do meio ambiente
na Baía de Guanabara por conta dos investimentos milionários da
Petrobrás.
Os três pescadores estão
fora de Magé por conta de um telefonema, o qual os ameaçava de morte
caso não deixassem a região. Segundo Alexandre Anderson, presidente da
Associação AHOMAR (Homens do Mar), já foram sete os atentados que
escapou juntamente com sua esposa Dayse. Eles estão incluídos no
Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH),
coordenado pela secretaria, abandonaram a cidade com a promessa de que
voltariam dois meses depois com segurança, mas até hoje ela não concretizada.
Desde então, vivem como clandestinos. Não sabem se um dia voltarão a
Magé, sede da Associação dos Homens do Mar (Ahomar), da qual são
dirigentes. A entidade está com as portas fechadas desde agosto de 2012.
Os
pescadores acusam a Secretaria de Direitos Humanos de atuar em parceria
com a Petrobras para mantê-los longe da região onde a empresa toca o
maior investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
avaliado em US$ 13,5 bilhões. O trio afirma que os telefonemas
disparados pelo programa, ainda que eventualmente os tenham livrado da
morte, mataram a resistência dos pescadores de sete municípios da Baía
de Guanabara.
Com manifestações no
mar e ações na justiça, a entidade virou obstáculo para a petroleira e
seus fornecedores. Conseguiu paralisar trechos de obras por onde
passariam dutos de gás. Desde que foi lançado, em 2006, o complexo
petroquímico virou uma usina de problemas para o governo federal: o
orçamento previsto dobrou e o início de sua operação está quatro anos
atrasado.
"Para mim, quem mata não é
só quem atira ou manda atirar. É também quem deixa atirar. Não tenho
dúvida de que minha retirada foi determinada pela Petrobras. Houve um
pedido político para eu deixar Magé", acusa Alexandre, 43 anos, fundador
e presidente da Ahomar. "Já são mais de 550 dias longe de casa. Tenho
de voltar com escolta e ser protegido enquanto perdurarem as ameaças e
os acusados não forem presos", reivindica. E, para ele, as ameaças
partem de empresas que prestam serviços à companhia.
Manobra
ou não, o fato é que atualmente não existe nenhuma resistência a esses
investimentos, e até mesmo aqueles que são pagos com dinheiro público
para fiscalizar as agressões ambientais, que é o caso do Instituto Chico
Mendes, são desestimulados através de ações politiqueiras e obscuras,
que usam como arma veladas e transferências como forma de retaliação.
Alexandre precisa de proteção policial |
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